Bazar das mãos de muitas mães

 

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MARIANA  VILELA – Uma comissão de muitas mãos por onde fios, linhas e lãs perpassam saberes ancestrais de mulheres contemporâneas. Lugar de encontro, risadas, trocas, compartilhamento, lembrança, lágrimas, consolo e cuidado. Um espaço para descobrir-se na outra. Um tempo para resgatar memórias de tempos vividos. Um tempo/espaço que rasga o ontem, o hoje e o amanhã em potente acontecimento, que possibilita a participante criar um corpo presente e consciente de seu caminho de individuação.

O dia começa com a leitura da Pedra Fundamental. Em pé, portas e janelas fechadas, corpo, alma e espírito em devoção, ouvidos atentos, olhos fechados, entrega serena para um pequeno momento de meditação. A pedra que fundamental, alicerça a manhã, as mãos, as mães. Em seguida as janelas são abertas para o ar fresco matinal entrar trazendo a clara luz diurna para o estudo começar. Livro aberto, uma das integrantes faz a leitura; voz pausada e cálida reverbera em ondas rítmicas preenchendo a sala com um saber de outro, que trilhou o caminho antes de nós. Uma leitura que alimenta a alma. Com disciplina amorosa, após 30 minutos o livro se fecha e um verso é feito em pé com firmeza e delicadeza. Como num passe de mágica a seriedade quase austera cede lugar à descontração. Bocas põe-se a falar compartilhando a lida doméstica e as vivências com os filhos. Os olhos se abrem em sorriso quando veem, em cima da mesa, uma manualidade feita com dedicação na semana que passou. Bom ter em mãos o resultado de um processo! Logo os armários são abertos, linhas, lãs, fitas, tecidos, agulhas e tesouras ocupam a mesa e há firme disposição para começar os trabalhos manuais sempre conduzido por uma mãe, nunca a mesma.

Do ventre ao seio, região onde são produzidos, esses trabalhos realizados há tempos de outrora, por nossas mães, avós, bisavós, tataravós… Sempre em algum tempo, em algum lugar houve mulheres se reunindo para produzir juntas a coberta de seus filhos, o agasalho do marido ou utensílios para a casa. Hoje, Campinas 2018, elas se reúnem para promover renda em uma escola associativa. São dentistas, jornalistas, biólogas, professoras, artistas, dona de casas, etc, etc, dedicando seu tempo para ensinar e aprender. Elas são mães, avós e colaboradoras empenhadas em aplicar verdadeiramente a função social de uma escola Waldorf, no qual incluir e acolher o diferente é meta segura de suas cabeças, suas mãos e corações trabalham em sintonia com tal propósito.

Assim são confeccionados os artesanatos que serão vendidos no bazar de Natal. Um bazar que enfatiza e reforça o consumo consciente, privilegia brinquedos simples, no qual a imaginação das crianças preenchem os elementos que “faltam”. Peças de decoração, símbolos milenares como a coroa de advento, guirlanda, anjos e velas, que nos lembram o significado essencial do Natal: confraternizar o ano que termina e junto com a comunidade celebrar amorosamente o ano vindouro e vivenciar num grande baile o Menino Deus que (re) nasce novamente em cada um de nós!

Mariana Vilela, mãe Gabriel do Jardim e João Pedro 8° ano (2018)

Publicado no periódico A Terceira Margem, editado pela Escola Associativa Veredas, de Campinas SP.

 

 

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