Os duendes

 

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peça de Ruth Salles

Esta é uma versão livre dos versos de Kopisch15, que falam da antiga crença da ajuda prestada pelos duendes e, também, de algumas profissões. Com um grupo falando e outro representando, os versos foram transformados numa pequena peça.

PERSONAGENS:
Coro 1 / Coro 2 / Duendes / O Preguiçoso / Carpinteiro / Padeiro / Açougueiro e seu aprendiz / Adegueiro / Alfaiate e sua mulher.

Todos podem entrar cantando, depois o coro se posiciona, e dele vão saindo as diversas personagens, que voltam a ele depois de representarem seu papel com gestos e movimentos.

TODOS (entrando, cantam):
“Era tão bom antigamente,
quando existiam os duendes!
Ah, se pudessem retornar…
Mas nunca mais retornarão!”

CORO 1 (enquanto a cena se passa):
– Era tão bom antigamente,
quando existiam os duendes!
O preguiçoso espreguiçava, (devagar)
comodamente descansava, (devagar)
enquanto o bando de homenzinhos
(apressado até “lixa”)
a noite toda trabalhava:
bate que bate, raspa e racha,
limpa que limpa, lima e lixa;
e, quando o dia amanhecia, (devagar)
o trabalho se concluía.

CORO 2 (enquanto a cena se passa):
– O carpinteiro cochilava, (devagar)
na serragem já se deitava. (devagar)
– Venham, venham! Que trabalheira!
(apressado até “ripas”)
Vamos serrar esta madeira!
Finquem estacas! Oh, que faina!
Peguem cinzel, enxó e plaina!
Assentemos agora as vigas
e sobre os caibros firmem ripas!
E, nem bem a noite acabava, (devagar)
estava pronta a nova casa.

CORO 1:
– Já o padeiro, no borralho, (devagar)
nem se lembrava do trabalho. (devagar)
E lá vinham os duendes chegando, (ritmado até “assa”)
pesados sacos carregando.
E gemiam, curvados: “Ai,
quanta farinha que aqui vai!
Amassemos logo esta massa!
Deixem no forno enquanto assa!”
E, enquanto o padeiro ronca, (devagar, ouvindo-se o ronco do padeiro)
uma fornada já está pronta.

CORO 2:
– E no açougue, que sucedia? (devagar)
Aprendiz e mestre dormiam. (devagar)
Enquanto isso, os homenzinhos (apressando até “arrumando”)
vão trabalhando todo o tempo,
bem mais depressa do que o vento
ao mover as pás do moinho.
Giram no ar os seus machados,
decepando o porco em pedaços.
Em espetos tudo penduram,
e lavam, maceram, misturam.
E já ensacam em lingüiças,
toda a desordem arrumando,
enquanto o mestre se espreguiça (devagar)
e o aprendiz vai bocejando.

CORO 1:
– O adegueiro na taverna, (devagar e balançando, até “dormia”)
tanto provava o que bebia,
que no barril de sua adega
se recostava e dormia.
Pé ante pé, os homenzinhos (um pouco menos devagar, com ritmo)
tratam de preparar o vinho.
Vão misturando e agitando
e nos barris vão derramando;
e, por roldanas levantados,
vão os barris sendo empilhados.
“Que belo vinho! Que bom cheiro!” –
diz, acordando, o adegueiro.

CORO 2:
– Um alfaiate, certa vez,
devia um terno preparar
para o mais ilustre freguês,
que era o prefeito do lugar.
Tanto ele errou, que desistiu,
abandonou tudo e dormiu. (bem devagar, apressando depois até “engalanado”)
E lá vêm os duendes chegando,
a fazenda já vão cortando,
alinhavando e costurando,
e capricham bem no bordado
desse uniforme engalanado.
O alfaiate, ainda tonto,
ao acordar vê tudo pronto.
CORO 1 E 2:
– Mas a mulher, de curiosa,
espalha ervilhas pelo chão
e, pela noite silenciosa,
ouve pisar alguém nos grãos.
Lá vai o duende tropeçando, (apressando até “gritaria”)
escada abaixo escorregando,
e termina seu trambolhão
dentro da tina de sabão.
Que barulho! Que gritaria!
Corre a mulher e a luz acende,
mas nem bem para a sala espia,
desaparecem os duendes.

TODOS:
– Oh, que pena que os homenzinhos
nunca mais reapareceram!
Cada qual trabalhe sozinho
quando for raspar a madeira,
quando for costurar o pano,
lavrar a terra todo ano,
passar a roupa, cozinhar,
bater pregos, lavar o chão.
Ah, se pudessem retornar…
Mas nunca mais retornarão!
(Querendo, podem terminar cantando de novo como no início.)

 

 

Fim

 

 

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