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poema de Ruth Salles

Baseado em narrativa do livro Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro – seleção e introdução de Alceu Maynard Araújo e Vasco José Taborda.

– Jaguarari, ó filho do tuxaua,
belo como um dia de sol no Grande Rio…
Jaguarari da flecha certeira,
que corta a carreira
do caititu,
que trava o pulo
do maracaiá,
não vás com tua igara à ponte do Tucunã!
Não vás pescar à noite! É hora de Anhangá!
O vento gemedor já traz a sua voz.
Não vás! A iara vem
boiando nas águas do igarapé,
linda como a lua.
E ela canta como os pássaros não cantam
e, cantando, chama e conclama
o belo filho dos manaus
e o leva para o fundo das águas.
Não vás, Jaguarari! Não vás!
Não vás ao rio pescar tucunaré!
Haverá juruparis envenenando o ar,
e Acauã vai cantar à nossa porta.
Mas, se fores e ouvires esse canto de encanto, foge!
Foge, tapuia, veloz com tua igara!
Pois é a iara! É a iara!

 

Vocabulário

Tuxaua: cacique.
Caititu ou cateto: porco-do-mato semelhante à queixada.
Maracaiá, ou maracajá: jaguatirica ou gato-do-mato.
Igara: canoa pequena, feita de casca de árvore.
Anhangá: espírito do mal.
Igarapé: canal estreito entre duas ilhas ou entre uma ilha e a terra firme.
Manaus: tribo indígena aruaque, que habitava as margens do Rio Negro.
Tucunaré: um dos mais saborosos peixes de rio da Amazônia.
Jurupari: um demônio dos tupis.
Acauã: ave do tipo do falcão, cujo canto é considerado de mau agouro.
Tapuia: índio manso, às vezes mestiço.
Iara, ou Mãe-d’água: espécie de sereia de rios e lagos.

 

 

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