poema de Friedrich Güll
traduzido e recriado por Ruth Salles
“O bode bale!
O bode berra!
Seu manto esfiapado
quem é que sabe
se é novo ou velho
se é largo ou apertado?”
“O bode bale!
O bode berra!
Seu manto esfiapado
quem é que sabe
se é novo ou velho
se é largo ou apertado?”
A cara e as patas:
as pás que cavam.
As unhas curtas
ferra na terra;
fino focinho
focinha fundo;
fuça que fuça,
raspa que raspa,
furando o túnel
de entrada à casa.
As luzes da lua
clareiam as sombras,
e as vozes das aves
que voam nas noites
escuras, escuras,
suspiram, sussurram:
“Mu-ru-cu-tu-tu…”
Corre, corre a lebre
dentro da floresta.
Quer que se celebre
uma boa festa.
Madrugada, lá na mata
já se escuta o bate-bate:
bica-bica, pica-pica,
tamborila o pica-pau.
Martim-pescador,
voando, voando,
já pousa no galho
e espera até quando
o peixe aparece
no rio que desce.
“O meu biquinho curvado
como um sabre oriental
sabe achar uns bons achados
nas flores do seu quintal.
João-de-barro amassa barro
em bolinhas pequeninas,
junta esterco, junta crina,
junta palha muito fina.
Nas patas traseiras
sentada no chão,
não é cachorrinho.
Que será então?
Olha lá o caxinguelê,
esquilinho serelepe!
Tudo que olha, ele vê,
de qualquer ramo que trepe.
Caracol vem devagar,
sem ter perna, sem ter pé.
Mas então como é que é
que consegue caminhar?