poema de Ruth Salles
Eu irei pela terra esplendente
a cumprir com a humilde ou grandiosa
tarefa de cada momento,
a contemplar tanta gente,
a aceitar meu irmão, caminhar a seu lado,
pela terra esplendente.
Eu irei pela terra esplendente
a cumprir com a humilde ou grandiosa
tarefa de cada momento,
a contemplar tanta gente,
a aceitar meu irmão, caminhar a seu lado,
pela terra esplendente.
Sobre o silêncio apagado de luzes,
a noite lentamente estende o escuro manto;
e lá debaixo dele, longe
dos olhos curiosos dos homens,
ela prepara o próximo e veemente
borbulhar de águas,
irromper de plantas,
despertar de almas.
No mundo ao meu redor a onda corre:
partículas de ar que vão seguindo,
empurradas por tudo que se move
e que se choca ao ar e vibra, infindo;
e, nesse encontro, o estranho som vem vindo,
num ondular que nunca se dissolve.
Antigamente,
escrevia-se uma vida inteira
numa folha de palmeira,
numa casca de papiro ou tabuinha com cera.
Nos mosteiros,
havia o pergaminheiro,
que fazia pergaminho da pele do cordeiro.
No silêncio do azul profundo,
eu não ouço o girar dos mundos.
Que massa azul brilha e balança
e no mais fundo chão descansa?
É o mar sem fim. É o oceano
a deslizar perene e plano.
Os rios de minha terra
são dragões de verde escama,
ou de corpo cor de prata
ou de dorso cor de lama,
cuja cauda se desata,
coleia, espadana, ferra,
o vale, a planície, a serra,
carregando, solapando,
inundando, fecundando
as terras da minha terra.
Com meus pés firmes na terra
e o rosto bem levantado,
eu vejo o céu estrelado.
Todo o céu é meia esfera Continuar lendo “A Esfera do Homem” →