O Gato de Botas

 

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Esta peça, para 1º ano, foi feita baseada num conto que faz parte da coleção dos Irmãos Jakob e Wilhelm Grimm, e segundo a versão da tradutora e escritora russa Tatiana Belinky, radicada no Brasil desde os 10 anos de idade. Essa coleção dos Irmãos Grimm data do fim do século XVIII e começo do XIX. Mas vários dos contos de Grimm, como O Gato de Botas, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida constam da coleção escrita por Charles Perrault no século XVII, portanto cem anos antes, com histórias ouvidas de sua mãe, de babás e de camponesas, e que ele reuniu com o nome de “Contos de minha Mãe Gansa”. Esses contos eram narrados como folclore em vários países. Lendo as duas versões do Gato de Botas, pareceu-me que a única diferença é que o Gato dos irmãos Grimm diz ao rei que seu amo é um conde, e o Gato de Perrault diz que ele é o marquês de Carabás. Apesar de seguir a tradução feita do conto dos Grimm, preferi chamar o amo do Gato de marquês de Carabás, como uma homenagem singela a Charles Perrault.

Ruth Salles

As três primeiras estrofes devem ser cantadas, porque afinal uma história tão antiga merece uma cantiga.

Como peça de 1º ano, as personagens são um Coro, de onde vão saindo os diversos alunos que atuam na frente.

Duas ou mais crianças, uma atrás da outra, erguendo os braços de lado (ora o direito para cima, enquanto o esquerdo vai para baixo, e vice-versa), podem representar o moinho de vento. O jumento também pode ser representado por uma criança com pequenas cestas (jacás) nos ombros. O gato, quando está na frente, primeiro deve andar de quatro, depois se levanta como Gato de Botas. Dependendo do número de alunos, serão várias as personagens repetidas. Se o feiticeiro puder virar leão com uma máscara, e depois igualmente como ratinho seria engraçado. De modo que temos, então as seguintes:

PERSONAGENS (dentro do CORO)
Toninho, Moinho; Bento, Jumento; João, Gato de Botas; duas Perdizes, Sentinela, Rei, Princesa Maria; Feiticeiro, Representantes do Povo do Feiticeiro.

O GATO DE BOTAS

(As crianças que saem do Coro para atuar na frente, falando juntas, devem fazer movimentos que expressem bem o que representam.)

CORO (com todos cantando):
“Nosso pai era um bom moleiro
que tinha um moinho de vento.
Moía o trigo o tempo inteiro
e depois chamava o jumento.

Nos jacás de sua cangalha,
o jumento levava o grão,
que era vendido lá no vale
para quem fabricava o pão.

E, para afastar qualquer rato
que gostava de atrapalhar,
no moinho havia um gato,
e o rato era o seu jantar.”

(O restante é só falado, junto com o Coro, pelos que atuam na frente.)

CORO (na frente Toninho e Moinho; Bento e Jumento; João e o Gato):
“Mas agora estamos sozinhos.
Eu, Toninho, herdei o Moinho.”

“Eu, o Bento, ganhei o Jumento.
E o Gato ficou para o João,
pois é um tonto esse nosso irmão.”

“Eu sou o João! Que situação!
De que me adianta ter um Gato?
Bem, se eu afogá-lo no regato,
com sua pele eu esquento as mãos.”

“Não! Para um Gato a pele faz falta!
Dê-me um manto e umas botas altas,
um chapéu e um saco. E você, João,
vai ver o que eu vou fazer então!

CORO (na frente o Gato já vestido e todo importante, de pé, e depois as Perdizes):
Assim foi feito. E o Gato amigo
saiu com um saco cheio de trigo,
pois soube que o rei do país
adorava comer perdiz.

Duas perdizes, ali perto,
vendo o saco de trigo aberto,
entraram nele bem felizes.
E o Gato prendeu as perdizes.

CORO (na frente o Gato, a Sentinela e o Rei):
Chega o Gato ao palácio real,
tira o chapéu num gesto cordial
e diz à sentinela: “Aqui cheguei!
Sou o Gato de Botas. Vim falar com o rei!”

Grita a sentinela: “Que desacato!
Esse doido não passa de um gato!”

Diz o Gato ao Rei que vem atrás: (curva-se e faz uma reverência com o chapéu)
“Majestade, muito me apraz trazer-lhe estas duas perdizes. (mostra o saco)
Quem manda é o marquês de Carabás,
meu amo dileto, com muito afeto.”

CORO (na frente o Gato de Botas, o Rei e João):
O Rei, feliz, foi ao seu Tesouro,
tirou de lá bastante ouro
e encheu de fato a sacola do Gato.

O pobre João nem acreditava
ao ver quanto ouro o Gato lhe dava.

CORO (na frente o Gato de Botas, João, o Rei e a princesa Maria):
O Gato de Botas, no outro dia,
soube que o Rei e sua filha Maria
na beira do lago iam passear.
Chamou seu amo e se pôs a falar:
“Se você quer ser marquês de verdade,
tire a roupa velha e mergulhe no lago.
Vou deter Sua Magestade,
e você vai ver o que lhe trago.”

(João tira o casaco e a camisa e faz gesto de mergulhar e nadar):

O Gato diz ao Rei: “Socorro!
Meu amo, o marquês de Carabás,
mergulhou no lago, e um ladrão – zás-trás! –
roubou sua roupa e sumiu de vez.
E agora o que vestirá o marquês?”

CORO (na frente o Gato de Botas, João, Rei, Princesa e Representantes do povo):
O Rei, com sua realeza,
deu ao marquês um traje real. (João se veste)
O marquês viu então a princesa
de uma beleza sem igual.
Os três seguiram bem contentes.

O Gato de Botas correu à frente
e foi perguntando: “Quem é o dono
daquelas terras e do castelo?”
Responde o Povo: “Ah esse dono
é o nosso maior flagelo;
é um feiticeiro malvado,
que vira bicho se for provocado.”

CORO (na frente o Gato de Botas, o feiticeiro, povo, Rei e Princesa)
O Gato de Botas foi ao castelo
e provocou o Feiticeiro,
que virou um leão traiçoeiro.
Ai, que susto! O Gato pulou,
mas disse com toda a coragem:
“Ora, um bicho grande não é vantagem!
Quero ver um bicho bem pequeno!”
O Feiticeiro fez um aceno
e, com essa mágica, virou um rato,
que logo foi comido pelo Gato!
O Gato de Botas, muito arteiro,
disse ao povo: “Acabou-se o feiticeiro,
graças ao Marquês de Carabás!
Todos aqui viverão em paz!”
O Rei ficou tão impressionado
que casou o Marquês com a Princesa
e deu aos dois aquele reinado.

CORO (com todos):
“Viva! Viva o Gato de Botas
que ajudou seu amo João
a ser o rei da nova nação!
Virou mordomo-mor o Gato amigo
no reino de João, o bom rapaz.
Por isso até hoje este conto antigo
tanta alegria ainda nos traz!”

 

F I M

 

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