Pélope e Hipodâmia

 

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peça de Karla Neves

Esta peça, baseada na lenda do começo dos Jogos em Olímpia, foi feita pela professora Karla, para seu 5º ano. Dei apenas um retoque nos versos em hexâmetro grego. No fim ou no começo, os alunos podem tocar na flauta a melodia grega do Escólio de Seikilos.  Ruth Salles

CORO –
– Este é o grande Enômao, pai de uma linda donzela.
É a famosa Hipodâmea. Varões suspiravam por ela.

Mas, tão zeloso e amoroso, também ciumento era o rei.
Só para si a queria, e sua palavra era lei.

Todos os seus pretendentes a sorte mais triste encontravam.
Em desditosa corrida, a morte a todos levava.

Fortes cavalos puxavam os carros chamados quadrigas.
Todos presentes de Ares, corcéis invencíveis, temidos.

Os pretendentes, vencidos, eram então condenados
Oh, que sentença terrível! Tão jovens e decapitados!

Pobre Hipodâmea, sozinha… Um dia isso há de acabar.
Pois atos vis não vigoram. Alguém, um herói, surgirá.

PRETENDENTE :
– Venho, oh, Enômao, pedir pela mão de Hipodâmea…

REI (cortando a fala do pretendente): – Já sei.
Se a corrida venceres, concordo. Se não….

PRETENDENTE: – Vencerei!!

(No dia da corrida)

REI:
– Já estás pronto?

PRETENDENTE: – E bem pronto!

REI: – Então que essa prova comece!!

REI (quando a corrida está no fim):
– Eu acabei de ganhar!! Pagarás com a vida, rapaz!

(O pretendente, derrotado, é levado para ser decapitado.)

PÉLOPE (aparece num outro dia):
– És tão bonita, Hipodâmea! Desejo casar-me contigo.

HIPODÂMEA:
– Pélope, tu me conquistas, porém desejaste o impossível.
Todos os meus pretendentes morreram de um modo terrível.

PÉLOPE:
– Ah, mas comigo será diferente, tu logo verás.

REI (entra na sala);
– Ora, que queres com minha Hipodâmea, garboso rapaz?

PÉLOPE:
– Quero casar-me com ela, senhor.

REI: – Pois irás disputar
uma corrida comigo. A quadriga está pronta. Se ganhas,
dou-te a mão de Hipodâmea. Se perdes, a morte te apanha!

PÉLOPE:
– Sim, mas de tanto que andei necessito um pequeno descanso.

REI:
– Vou preparar-me também, pois assim é melhor, realmente.

(Pélope sai pensativo. Mais tarde…)

COCHEIRO:
– Psssiu! Ei! Espera, rapaz!

PÉLOPE: – Tu me chamas? Que queres de mim?

COCHEIRO:
– És pretendente à mão de Hipodâmea?

PÉLOPE: – Eu sou. Mas, por que?

COCHEIRO:
– Sei de um segredo que pode ajudar-te!

PÉLOPE: – Espera, quem és?

COCHEIRO:
– Sou o cocheiro do rei e desejo que venças a prova.

PÉLOPE:
– Qual o segredo que sabes? Vencer a corrida eu sei!

COCHEIRO:
– São invencíveis os fortes cavalos do carro do rei.
Foram presentes do próprio deus Ares. E o carro é encantado
pelas cravelhas de bronze que prendem as rodas.

PÉLOPE: – E então?

COCHEIRO:
– Troco as cravelhas de bronze por umas cravelhas de cera.
Vão derreter-se ao calor da corrida, e as rodas se soltam.
Tu vencerás!

PÉLOPE: – Mas por que queres tanto ajudar-me, Cocheiro?

COCHEIRO:
– Vejo Hipodâmea sofrendo e os seus pretendentes morrendo.
Ela precisa livrar-se. O pai é tirano demais.
Mas desta vez há de ser diferente, e tu vencerás.

PÉLOPE:
– Gosto do plano, Cocheiro. Começa a trocar as cravelhas!

COCHEIRO:
– Sim, estou farto de mortes, e quero a princesa feliz.

(O cocheiro começa a trabalhar, trocando as cravelhas de bronze por outras de cera. No dia da corrida…)

PÉLOPE (falando com o cocheiro):
– Pronto, Cocheiro?

COCHEIRO: – Espero que sim, boa sorte!

PÉLOPE: – Obrigado!

(Começa a corrida. Ora um passa à frente, ora o outro, mas as cravelhas começam a se derreter, e Pélope passa à frente do rei, cujo carro se desmonta no meio do caminho.)

CORO:
– Olha! A corrida começa com o grande Enômao à frente!!
Pélope agora! É o rei! Mas é Pélope! É o rei! Olha o Pélope!

REI:
– Zeus! O meu carro encantado desmancha-se tão de repente!…

CORO:
– Olha o carro do rei!! E é Pélope agora que vence!!!

(O rei, desolado, mas majestoso, dirige-se ao vencedor.)

REI:
– Já que venceste a corrida, concedo-te a mão de Hipodâmea.

PÉLOPE:
– Bela e querida Hipodâmea, agora podemos casar!
Ah, é a Zeus que agradeço e lhe presto uma grande homenagem!
Em sua honra, que jogos se façam! E todos os gregos
são convidados!

CORO: – É assim que termina a façanha de Pélope,
graças ao pobre Cocheiro e a esse rapaz destemido.
Ah, Hipodâmea tão bela, agora o terás por marido.
Tu, que gostaste de Pélope, enfim libertada estás.
Hoje, em alvíssima pedra, no templo de Zeus se gravou
esta história gloriosa do início dos jogos da paz.

 

 

 

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