Quem somos?

 

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por Ruth Salles

 

Deus nos cria, nos emana dele como o sol emana seus raios. Cada raio emanado por Deus é um ser criado por Ele. A essa centelha divina damos vários nomes, conforme a crença, mas o nome mais conhecido é alma. Na ioga se fala em ser central, e também chamamos a alma de Eu superior, ou Eu verdadeiro. Porém quando esse Eu verdadeiro, essa alma, nasce como ser humano, é de tal forma “envelopado” pelo seu corpo físico ou mineral, pelo seu corpo orgânico ou vegetal (ou corpo ilusório onde circula o prana, no dizer nos hindus) e pelo seu corpo emocional ou animal (ou corpo ilusório de desejos, no dizer dos hindus), que ele próprio mal se reconhece. Quando criancinhas, nós nos acostumamos a sentir nossa estrutura corpórea, a mover a cabeça, as pernas e os braços; depois percebemos o comportamento de nosso organismo, a digestão, a dor de barriga, a dor de cabeça, percebemos que podemos ver, ouvir, etc…

Em seguida, crescemos para sentir nossas emoções contraditórias, nossos impulsos. Finalmente, começamos a refletir sobre todo esse conjunto confuso e estaremos, por assim dizer, dando nascimento à nossa mente, que, segundo Rudolf Steiner, se desenvolve em três etapas: sensível, quando estamos ainda muito ligados às percepções do nosso corpo; racional, quando conseguimos refletir desligando-nos dos objetos; consciente, quando já percebemos que somos algo mais, acima de nossa simples natureza humana presa à terra. A mente é o berço onde dorme, como que atrás de um véu, o nosso Eu verdadeiro, nossa alma. Impossível enxergá-la, se estamos tão envolvidos em nossos três corpos densos e dependendo de uma mente ainda tão presa aos objetos. O máximo que podemos sentir é um pequeno eu de todo dia. E colorimos nosso Eu verdadeiro com as dores de nosso corpo mineral e vegetal, com o comportamento de nossas emoções e com as decisões de nossa mente já um pouquinho consciente de algo mais… E isso é apenas o que chamamos de personalidade, ou seja, a nossa pessoa. Às vezes nos entregamos totalmente à personalidade, o que nos torna bem egoístas.

No entanto, no fundo sentimos o anseio de conhecer e realizar o Eu superior, mas ele é ainda tão confuso para nós que, realizando nossa personalidade, nos achamos muito autênticos e felizes. Isso não deixa de ser um tanto ilusório. O que temos a fazer é ficar bem atentos à voz daquela “criancinha no berço da mente”, e para isso temos de aquietar a gritaria de nossa personalidade. Às vezes, ouvimos a voz da consciência. É isso. É a criancinha querendo aparecer para nós. Aos poucos, vamos permitir que ela cresça e se revele sem seu véu, não reprimindo a personalidade, mas sim dando menos importância a ela.

Com a vinda de Cristo, a humanidade, como um todo, começou a fase da mente consciente. Está, portanto, na hora de aumentar cada vez mais, em nós, a consciência da alma, do Eu superior, superior ao nosso pequeno eu de todo dia.

 

 

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