XV – Relatório de Conclusão

 

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A Pedagogia Waldorf
na escola pública

histórico – desafios – perspectivas
por Rubens Salles e Rosineia Fonseca

Em primeiro lugar!

Gostaríamos de começar este relatório agradecendo a todos que acreditaram e apoiaram a nossa iniciativa de realizar essa pesquisa sobre as escolas públicas que adotam a Pedagogia Waldorf no Brasil. Tivemos 211 apoiadores que contribuíram com o financiamento coletivo que promovemos, cujos recursos nos permitiram adquirir alguns equipamentos necessários e custear as viagens que realizamos. Contamos também com o apoio dos responsáveis por cada uma das iniciativas que visitamos, que foram imprescindíveis para que conseguíssemos realizar este trabalho, dos nossos colegas do instituto, Milton Tortella e Edson Aragaki, com quem dividimos as dúvidas e angústias no planejamento do projeto, assim como o apoio fundamental de Pedro Paulo Salles e Ruth Salles. Agradecemos especialmente também aos amigos que nos hospedaram nas viagens do projeto: Paulo do Eirado e Maria Aparecida em Aracaju, Ricardo Lucena em Conde, Ana Paula e Bruno Vieira em Brasília, Ione Gomes em Botucatu. Foram 6 meses de trabalho, mais de 90 pessoas entrevistadas e 14 escolas estudadas.

 

Primórdios

Em 2002 criamos o Instituto Artesocial, hoje Instituto Ruth Salles, com o objetivo de contribuir para tornar a Pedagogia Waldorf acessível para as crianças da rede pública, especialmente no ensino infantil e fundamental.

De 2003 a 2008 realizamos o projeto Dom da Palavra, um curso de formação continuada que ensinava alguns elementos da Pedagogia Waldorf para professores da rede pública, do ensino infantil e fundamental I. O mesmo realizou-se em cinco municípios paulistas: São Paulo, Itapecerica da Serra, Embu Guaçu, Espírito Santo do Turvo e Timburi. Este projeto trouxe experiências muito interessantes e foi detalhadamente sistematizado em uma pesquisa de mestrado defendida em 2010, disponível neste link.

O projeto Dom da Palavra nos mostrou duas realidades importantes: 1- Elementos da Pedagogia Waldorf podem enriquecer e humanizar a educação nas escolas públicas, desde que os professores tenham interesse em conhecê-la e oportunidade de vivenciar seus benefícios com seus alunos. 2 – É difícil para professores realizarem um trabalho muito diferente dos demais em uma escola pública, sem terem incentivo, formação continuada e apoio de outros colegas e da direção da escola. Sem isso, sua iniciativa está fadada a perder força.

Propósito

Nós não nos conformamos com o fato de que a Pedagogia Waldorf, que tanto admiramos, seja acessível apenas a quem pode pagar escolas privadas. O próprio Rudolf Steiner criou essa pedagogia para que fosse uma pedagogia para o povo, e é missão do Instituto Ruth Salles contribuir para que este ideal seja realizado.

Assim, a partir de nossa experiência com o projeto Dom da Palavra, decidimos agir no sentido de realizar o nosso objetivo. O fato de já existirem algumas escolas Waldorf na rede pública no Brasil, comprova que isso é possível e assim pode ser replicado em outras iniciativas. Precisávamos então aprender com quem já está se dedicando a essa causa. Em 2018 tentamos patrocínios para esta pesquisa, mas não tivemos sucesso, e optamos então em buscar o financiamento coletivo em 2019. Conseguimos 211 apoiadores, e foi gratificante ver como tantas pessoas se prontificaram a colaborar com esse trabalho.

A base legal

Buscamos conhecer a legislação relativa ao tema, que está detalhada no capítulo I deste trabalho, e verificamos que as escolas que aplicam a Pedagogia Waldorf na rede pública, as conveniadas e as públicas de origem, estão amparadas pela nossa Constituição Federal de 1988, em especial pelos incisos ll e lll do Art. 206 e pelo Art. 213 incisos l e ll.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
ll – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos às escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;
II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

A BNCC – Base Nacional Comum Curricular, atualizada em 2018, também é muito importante. O que ela preconiza como objetivos e princípios para a educação básica no Brasil, embora seja apenas um sonho para a maioria das escolas realizar, já é realidade nas escolas Waldorf. Ou seja, os argumentos para realizarmos a Pedagogia Waldorf em escolas públicas estão na própria BNCC.

As escolas também têm o direito de estabelecer seu próprio Projeto Pedagógico. Ele representa a identidade da escola como organismo social. Faz parte de uma gestão escolar democrática, e deve ser elaborado por e para todos: gestores, professores, funcionários, alunos e familiares.

Assim, não há nenhum obstáculo legal para se realizar a Pedagogia Waldorf em uma escola pública, conveniada ou pública de origem. Basta o empreendedorismo social daqueles que conhecem e acreditam nessa pedagogia, o interesse de professores e vontade política dos gestores públicos.

Somos muitos

Durante a realização dessa pesquisa o que mais nos marcou foram as pessoas muito especiais que conhecemos. Todas as iniciativas de se levar a Pedagogia Waldorf para a escola pública foram fruto do trabalho de pessoas profundamente dedicadas à causa da educação, e que já vivenciaram as transformações que esta pedagogia é capaz de realizar na vida das crianças e suas famílias. Criar uma escola Waldorf pública é sempre um caminho longo, que requer muita vontade e dedicação, o tipo de força que possuem as pessoas realmente comprometidas com o bem comum.

Além das iniciativas que estudamos aqui, outras já estão em movimento, articulando-se para seguir pelo mesmo caminho. Várias pessoas que ficaram sabendo deste trabalho entraram em contato conosco para contar suas experiências e/ou pedir orientações. O nosso próximo passo será buscar formas de articular essa rede para apoio mútuo.

Pessoas incríveis

Conhecemos pessoas incríveis lecionando nas escolas que visitamos, todas apaixonadas pela Pedagogia Waldorf e dedicadas aos seus alunos. Várias conheceram a pedagogia porque encontraram essas iniciativas na rede pública, e a maioria nunca tinha ouvido falar dela antes. Muitas já fizeram a formação completa, outras estão fazendo, e algumas começaram há pouco tempo nas escolas e estão aprendendo um pouco com as colegas. Quando uma professora ou professor passa a trabalhar de acordo com os princípios e práticas da pedagogia e começa a ver resultados, tem início um círculo virtuoso. Ela(e) começa a querer conhecer mais e se aprofundar no assunto, como várias que entrevistamos, começa a enxergar mais seus alunos como indivíduos, e parece que vai acontecendo uma mágica que transforma sua relação com os alunos em uma relação de confiança e afetividade. Os pais começam a perceber diferença nas crianças, comentam com os educadores, passam a participar mais da educação dos filhos e a se aproximar mais da escola. Inúmeras crianças e famílias estão sendo beneficiadas por estas iniciativas.

No entanto, enquanto um(a) professor(a) Waldorf que atua em uma escola privada costuma trabalhar com todos os materiais ideais para sua prática pedagógica, aqueles(as) que atuam na rede pública tem uma realidade totalmente diferente. Os materiais que recebem são os mesmos que qualquer outra escola pública recebe, pois uma escola não pode receber materiais melhores do que outra da mesma rede. Muitas vezes faltam materiais adequados para atender as demandas de uma escola Waldorf, como tinta para aquarelas, papel de pintura, pincéis, flautas, giz de cera de abelha, lã de carneiro, agulhas, brinquedos de madeira etc, o que exige adaptações pelos professores. Conhecemos até uma professora que, na falta de um fogão para usar na escola, faz os pãezinhos com os alunos, leva-os para assar em casa e traz no dia seguinte. As escolas que são conveniadas ainda podem tentar conseguir recursos para isso através de campanhas da sua associação mantenedora, mas nas escolas públicas de origem já é mais difícil.

Outra diferença muito importante é que enquanto as escolas privadas têm como alunos crianças cujos pais escolheram a escola pela pedagogia, e que são de uma classe social mais alta, nas escolas públicas as(os) professoras(es) trabalham com as crianças que vierem, sem nenhum filtro, e muitas destas enfrentam situações graves de vulnerabilidade social. Há um elevado percentual de crianças com necessidades educacionais especiais ou com dificuldade de aprendizagem, e maioria dos pais/responsáveis nunca ouviu falar na Pedagogia Waldorf. Existe sempre um trabalho extra, por parte da equipe escolar, para explicar a estes sobre questões que costumam causar estranhamento na pedagogia, como o fato de meninos e meninas fazerem os mesmos trabalhos manuais, como tricô, crochê etc, ou porque não se alfabetiza no ensino infantil etc. Esclarecer algumas famílias sobre a diferença entre religião e religiosidade também costuma ser uma tarefa difícil.

Mas foi incrível perceber que, a despeito de todas as dificuldades, a qualidade do trabalho e da relação das professoras com as crianças e com as famílias era muito boa. Em todas as escolas que visitamos, o ambiente social era muito bom. Embora observadores menos atentos possam achar que a Pedagogia Waldorf realizada nestas escolas não seja “completa”, estas professoras, nestas realidades, fazem um trabalho excelente, assumem perfeitamente o espírito da pedagogia e merecem todo o apoio ao seu esforço e dedicação.

 

Os Desafios para a comunidade Waldorf

1)Tornar a Pedagogia Waldorf mais conhecida e aceita.

É notório o desconhecimento sobre a Pedagogia Waldorf entre os educadores da rede pública em geral, pois essa pedagogia não é estudada nos cursos superiores. Assim, às vezes, professores concursados escolhem ir para uma escola pública que adota essa pedagogia sem fazer ideia do que se trata. E a cada troca de governo municipal é gerado um problema maior ainda, pois as equipes das escolas Waldorf conveniadas sempre têm que explicar aos novos gestores sobre a pedagogia, mostrar todo o trabalho que já realizaram e lutar pela renovação do convênio.

Para ajudar essas iniciativas, e as iniciativas futuras, é fundamental criarmos estratégias e ações para divulgar a Pedagogia Waldorf em todas as faculdades de Pedagogia do Brasil, que são cerca de 2.000.

Para que as crianças de famílias mais simples, cujos pais não têm conhecimento do que seja a Pedagogia Waldorf, possam frequentar sem problemas nossas escolas, é importante termos um discurso adequado para apresentá-la a esses pais.

 

2) Conseguir que sejam realizados concursos públicos específicos para professores Waldorf

Um grande problema para a maioria das escolas Waldorf na rede pública é que quando precisam de um novo professor, acontece de receberem um professor que é concursado pela prefeitura e tenha direito de escolher a escola pela sua classificação profissional, mas não conhece a Pedagogia Waldorf. Isso sempre gera um desgaste e um trabalho extra para a equipe, pois é preciso ir apresentando aos poucos os princípios e práticas básicas da pedagogia, e tentar convencer este professor a fazer a formação. Alguns professores nestas condições ficam só um ano e depois pedem remoção, outros se apaixonam pela pedagogia, fazem a formação e tornam-se ótimos educadores.

Vimos alguns editais para contratação temporária em que foi especificada a formação na Pedagogia Waldorf, mas essa é uma forma de contratação que não é boa para a carreira do professor.

É preciso conseguirmos que hajam concursos públicos específicos para professores Waldorf. Nunca foi feito até hoje, mas não descobrimos nenhum obstáculo jurídico para isso, tanto que na área médica existem concursos para médicos homeopatas, por exemplo.

 

3) Suprir a falta de professores especialistas

As redes públicas dificilmente contratam professores de trabalhos manuais, marcenaria, jardinagem, música, língua estrangeira e muito menos euritmia. A única opção das escolas tem sido aproveitar da melhor maneira possível os talentos dos seus professores para suprir estas carências no que for possível, ou contar com o apoio da sua associação, no caso das escolas conveniadas. Na Escola Cecília Meireles por exemplo, o professor de história, que também tem prática em marcenaria, dá aula de marcenaria e a professora de ciências, que tem mestrado em botânica, dá aulas de jardinagem.

 

4) Apoiar a formação dos professores da rede pública – inicial e continuada

Os cursos para formação de professores Waldorf não são acessíveis financeiramente para a maior parte dos professores da rede pública, o que exige sempre muito sacrifício destes para participarem, ou recursos das respectivas associações, quando existem. Seria muito importante haver um programa específico para subvencionar a formação de professores que já atuam nas redes públicas, principalmente onde já temos escolas adotando essa pedagogia.

Como uma escola Waldorf pública atende crianças em situação de vulnerabilidade social, cujos pais geralmente não conhecem a Pedagogia Waldorf, sem dispor dos materiais ideais para essa prática pedagógica, e tendo que compensar a falta de especialistas citada acima, seus professores precisam de uma formação que os preparem para atuar nesta realidade.

Também seria muito importante termos a formação à distância, podendo ser com alguns módulos online e outros práticos presenciais, para diminuir os custos da formação e ampliar seu alcance. Hoje a Escola Murundu e a Escola Anael por exemplo, que ficam no interior da Bahia, têm que enviar seus professores para fazerem a formação em Aracaju, a 750 quilômetros de distância. E são escolas que dispõem de poucos recursos para formar e até para manter seus professores.

 

Ensinamentos dos pioneiros às novas iniciativas

1) O caminho é longo – A constituição de uma escola Waldorf pública é um trabalho de longo prazo, que requer determinação e dedicação de um grupo de pessoas realmente comprometidas com o propósito de humanizar a educação na rede pública através da Pedagogia Waldorf. Em todos os casos de sucesso que conhecemos, muitos obstáculos tiveram que ser superados. Nesse ponto a história da criação da Escola Araucária/MG é emblemática.

2) Os alicerces são os educadores – A criação de uma escola Waldorf na rede pública deve se sustentar no interesse genuíno de um grupo de educadores. Havendo interesse também de um grupo de pais será melhor ainda. Um grupo de professores dedicados e apropriados da pedagogia pode ir conquistando os pais através de seu trabalho com as crianças, mas não se pode forçar um professor a ser um professor Waldorf. Escolas Waldorf que foram criadas por iniciativa de uma gestão pública, e que não se basearam no interesse genuíno de um grupo de educadores, como vimos em Espírito Santo do Turvo/SP e em Ubá/MG, tiveram vida curta.

3) A primeira infância vem primeiro – A forma mais segura de começar um projeto Waldorf na rede pública é a partir da creche e de educação infantil. Nesses casos as resistências iniciais dos pais sobre a pedagogia são bem menores do que no ensino fundamental. Dessa forma, é possível a iniciativa ir crescendo de forma orgânica, ano a ano, enquanto os pais vão conhecendo mais sobre a pedagogia, e eles mesmos vão querer que as crianças continuem em uma escola Waldorf no ensino fundamental. O caso da creche Quintal do Aníbal, em Jundiaí, é um exemplo disso.

4) O nosso partido é o das crianças – As relações das iniciativas Waldorf com o poder público precisam ser sempre profissionais e republicanas, e não partidárias. Quando a escola se torna uma bandeira política ela corre um sério risco de ter seu projeto interrompido por um eventual governo de oposição.

5) Preparem os argumentos – O grupo precisa ter pessoas que conheçam a Pedagogia Waldorf a fundo, e tenham todos os argumentos para ajudar a convencer os gestores públicos a aceitarem o desafio de apoiar um projeto com uma pedagogia que ainda é pouco conhecida e é muito diferente da convencional. Levar o gestor público para conhecer escolas Waldorf já estabelecidas, como foi feito pelo Instituto Social Micael, de Aracaju, e pelo Movimento Txai em Brasília, também ajuda a criar maior interesse pelo projeto.

6) Respeitem e reconheçam os desafios do gestor público – Deve-se ter sempre em mente que um gestor público num cargo executivo na educação tem uma grande demanda de trabalho, pois é responsável por um trabalho em grande escala. Não é fácil estudar e refletir sobre novas propostas e pedagogias nestas circunstâncias. Então a gente deve reconhecer sempre quando essas oportunidades acontecem e ter muita gratidão por essa confiança. Sobre essa questão vejam as dicas da Cida e do Paulo, do Instituto Social Micael, no capítulo VIII.

7) Crie um núcleo de formação – Promover palestras, cursos e oficinas sobre a Pedagogia Waldorf acessíveis a professores e pais da rede pública é muito importante. Muitos elementos da pedagogia podem enriquecer a prática cotidiana de professores e famílias, ajudando a criar uma relação de interesse e respeito pelo projeto ou pela escola.

Vimos que a Associação Crianças do Vale de Luz (Nova Friburgo), o Instituto Social Micael (Aracaju) e o Movimento Txai (Brasília) se fortaleceram ministrando cursos, promovendo uma introdução à Pedagogia Waldorf, ensinando o uso de alguns dos seus elementos e até formando professores. Cada professor que participa destes cursos e se identifica com a pedagogia, passa também a ajudar a divulgá-la e fortalece essa corrente dedicada a humanizar a educação no Brasil.

8) Invista na integração com a comunidade – Para que a comunidade local aceite bem a iniciativa, é fundamental torná-la protagonista do projeto. Para isso é muito importante investir na formação de educadoras(es) da própria comunidade. Palestras e oficinas sobre a pedagogia, e a Escola de Pais, também são muito importantes, assim como as atividades culturais e artísticas abertas à comunidade.

É fundamental a escola ter uma comunidade de pais engajada, como vimos na Escola Cecília Meireles pois assim a escola passa a ter maior força política. Pais engajados ajudam a conseguir junto à prefeitura as melhorias que a escola possa precisar. A força e a determinação de uma comunidade criada a partir de uma escola Waldorf, pelos professores e pais que já vivenciaram o valor dessa pedagogia, é capaz de encontrar caminhos para manter uma escola viva na sua comunidade, se o projeto tiver dificuldades pelo caminho, como aconteceu no caso da Escola Casa da Mata.

9) Capriche no planejamento e organização – Em uma escola associativa conveniada, que demanda captar recursos para suprir as demandas que a prefeitura não atenda, a gestão é um grande desafio e fator determinante para ter sucesso. Só de idealismo o processo não se sustenta. Além de planejar e organizar, seja muito transparente. É importante também comunicar bem, e ter um site com todas as informações disponíveis e bem organizadas. Documentos como estatuto social, atas de reuniões, balanços, boletins informativos, visão estratégica, plano de metas e relatório anual de atividades devem estar disponíveis no site. Isso dá mais credibilidade para a associação, tanto perante o poder público como perante possíveis patrocinadores. A associação da Escola Murundu é um exemplo neste sentido.

10) Prepare-se para atender às demandas da gestão pública – Toda escola pública precisa atender à burocracia inerente da gestão pública de cada município ou estado/distrito, inclusive as avaliações externas, como o IDEB, por exemplo, o estabelecimento de um Plano de Ação de Gestão Escolar, e a elaboração do Projeto Pedagógico da escola. Além da gestão da associação, quando houver, e das instâncias próprias de uma escola Waldorf, é necessário também criar a Associação de Pais e Funcionários e o Conselho Escolar. Veja os detalhes sobre estas demandas no capítulo I.

11) Atenção ao futuro dos alunos – Chamou nossa atenção o cuidado que a Escola Vale de Luz tem na preparação dos alunos do 5° ano para que possam fazer a transição para o 6° ano de uma escola convencional sem sofrer muitas dificuldades. Muito importante a atenção ao sucesso futuro dos alunos.

12) Não descuide da adaptação cultural – É importante para as iniciativas pioneiras, em regiões onde não há escolas Waldorf mais antigas, a adaptação dos conteúdos, como histórias, versos, cantigas, rodas, brincadeiras e trabalhos manuais à cultura da região.

13) Uma educação humanizadora muda o mundo – A Escola Araucária, por ser a única na região há mais de 40 anos, é um ótimo exemplo de como uma escola bem estruturada e com uma pedagogia humanizada, emancipadora e focada no desenvolvimento integral do ser humano, tem o poder de transformar toda uma comunidade nos aspectos culturais, sociais e econômicos. Numa região onde quase todos eram analfabetos e viviam de agricultura de subsistência, hoje saem jovens que já seguiram carreiras como Medicina, Direito, Enfermagem, Pedagogia, Artes Cênicas, Música, Arquitetura, Zootecnia, Agronomia, Administração, Turismo e Hotelaria entre outras profissões.

14) Acredite – Educadores prontos para conhecer e adotar a Pedagogia Waldorf estão por aí em todos os cantos do Brasil, assim como pais que vão querer esse caminho educacional para seus filhos. Nosso grande desafio é chegar até eles através da escola pública, e enfrentá-lo dará mais sentido à missão transformadora iniciada há 100 anos por Rudolf Steiner.

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